Texto: I Sm 10.1-5/11.1-7
Introdução: A chamada de Saul é um dos mais lindos exemplos de como Deus costuma surpreender nas suas escolhas. Jamais Saul esperava que aquele dia estivesse pré-determinado
pelo Senhor, para honrá-lo, como comandante das tropas israelitas. Deus o escolheu em meio a muitos. Ele foi ungido em Rama, escolhido em Mizpá, e proclamado em Gilgal. Mas Entendemos que o maior problema de Saul, foi assumir o seu chamado. Havia nele um complexo inferior
muito grande, e não foi fácil prá ele vencer esse complexo. Vamos extrair algumas lições da sua convocação, pois há um chamado especifico de Deus sobre todos nós.
Como se processa o chamado de Deus?
1) Quando uma simples tarefa altera o rumo das coisas.
Talvez para ele fosse só mais um dia, cuidando de jumentas, ou buscando as que estavam extraviadas. Mas Deus preparou aquele momento para honrá-lo. Às vezes, não queremos repetir uma
simples rotina, achando que será só mais uma atividade simples e comum, não pensando que pode ser uma ocasião abençoadora preparada pelo Senhor. As vezes vale a pena seguir uma
rotina comum, pois elas são canais de Deus para nos levar a honras inimagináveis. Saul saiu para buscar jumentas e voltou como rei de Israel.
2) Quando nossos recursos acabaram e estamos prestes a desistir de tudo.
Ele levou pães no seu alforge, que após três dias de viagem, se acabaram. Dinheiro também não tinha, e sentia-se constrangido de ir ao profeta sem ter um presente ou dote para
levar. Foi socorrido então por seu auxiliar, que o emprestou um quarto de siclo de prata para dar ao profeta. Ah! Se não fosse aquele empréstimo. Teria voltado para casa como caçador de jumentas
e jamais como rei de Israel. Eis uma linda lição: Quando os recursos acabarem-se não desista ainda. Tome emprestado e receba o milagre. Eliseu usou esse princípio (2 Rs 4). Até o próprio
Senhor Jesus fez isso (Jo 6.9, Lc 11.3)
3) Quando nossa aparência é vencedora, mas a atitude é de derrotado.
De nada adiantava aquela aparência de rei que ele tinha, se por dentro se julgava o menor e o mais inferior de todos os homens (9.21). Se Deus o tinha chamado é por que viu nele algo diferenciado
dos demais. Às vezes somos assim também, temos jeito de vencedor, mas atitudes de um derrotado, murmurando e reclamando da sorte fazendo ouvidos moucos ao chamado divino. Sua chamada não depende de sua
origem ou procedência, nem de sua genealogia, nem mesmo de ser apadrinhado por um “costa quente”. Seu chamado é um decreto que partiu do trono de Deus, e por isso, ninguém poderá frustrar
a santa vontade divina.
Três fases após o chamado
Após a unção segue-se um período de tempo, em que seremos provados com vistas a termos o selo de aprovação divina. Tão logo Samuel ungir
Saul como rei, foram proferidas de sua boca uma anunciação profética, sobre os passos seguintes da chamada, que podemos considerar como fases pós-chamado.
1) A Fase do cemitério
Partindo-te hoje de mim, acharás dois homens junto ao sepulcro de Raquel, no termo de Benjamim, em Zelza, os quais te dirão: Acharam-se as jumentas que foste buscar, e eis que já o teu pai
deixou o negócio das jumentas e anda aflito por causa de vós, dizendo: Que farei eu por meu filho? (1 Sm 10.2) O profeta avisa-o que dois homens posicionados junto ao cemitério tentariam dissuadi-lo do chamado. Iriam dizer que seu pai estava preocupado com ele, devido a seu sumiço. Vejo dois erros aqui:
1)
Homens no cemitério. O que faziam ali? Quem vive em cemitério vive próximo a morte, e segue rituais macabros. São pessoas frustradas, que já viveram o que tinham que viver, agora vegetam e tentam levar mais pessoas com eles. São falidos espirituais. Cuidado com essa gente.
2) Ficou provado mais tarde que aqueles homens mentiam, pois nos textos seguintes não se acha seu pai reclamando do seu sumiço.
Fuja das pessoas que vivem em cemitérios espirituais.
2) Fase da dignidade e revelação do que irá nos manter
E, quando dali passares mais adiante e chegares ao carvalho de Tabor, ali te encontrarão três homens, que vão subindo a Deus a Betel: um levando três cabritos, o outro, três bolos
de pão, e o outro, um odre de vinho. E te perguntarão como estás e te darão dois pães, que tomarás da sua mão (1 Sm 10. 3,4). Era um novo momento para Saul. Aquela vidinha velha e sem sentido havia terminado, e ali, profeticamente Samuel revelou o que o manteria daquele momento em, diante: Cabritos (sacrifícios), três pães
(Palavra) e um odre de vinho (sangue de Jesus). Qualquer pessoa só consegue manter a chama de sua chamada acesa com esses três ingredientes.
3) Fase da mudança de relacionamentos
Então, virás ao outeiro de Deus, onde está a guarnição dos filisteus; e há de ser que, entrando ali na cidade, encontrarás um rancho de profetas que descem do alto
e trazem diante de si saltérios, e tambores, e flautas, e harpas; e profetizarão. E o Espírito do Senhor se apoderará de ti, e profetizarás com eles e te mudarás em outro homem. (1 Sm 10.5e6). Era um novo momento para Saul. Agora ele era rei. Tinha que mudar os relacionamentos pessoais, por isso Samuel ordenou que ele entrasse no meio dos profetas, e fosse cheio do Espírito
Santo. Teria que aprender a andar com pessoas comprometidas com a unção. Somente assim seria mantido espiritualmente. Aprendemos aqui que o ungido tem que escolher e selecionar seus relacionamentos. Foi por não
saber se relacionar com pessoas certas que Sansão perdeu a unção. Cuidado.
Perigos de não assumirmos o chamado
1) O perigo das bagagens
“Então, tornaram a perguntar ao Senhor se aquele homem ainda viria ali. E disse o Senhor: Eis que se escondeu entre a bagagem” (1 Sm 10.22). Ele já havia sido ungido rei. Era hora de se apresentar e mostrar-se ao povo. Era o momento da consagração e aprovação popular, mas quando Samuel o procura, ele está atrás
das bagagens. Esconder-se em bagagens mostra a falta de confiança no chamado e em quem te chamou. Hoje, muitas pessoas estão escondidas, alegando timidez, despreparo, inexperiência, etc. Mas cuidado, Deus não
aceita isso de nenhum de seus chamados, e é bom dizer que sempre o Senhor insistirá. É melhor assumir logo e deixar essas bagagens, que são incapazes de nos esconder diante dele
2) O perigo de voltarmos para casa e notarmos que nada aconteceu, que tudo continua na mesma
Outro grave erro cometido por Saul foi ser ungido, e ao invés de ir para o palácio, foi para sua casa, voltando a rotina diária de empregado de seu pai. Talvez, deve ser por ter chegado em
casa e não ter visto nada de diferente acontecer. Tudo estava normal. Mas para ele, o reinado tinha que estar no coração e não nas aparências exteriores. Temos que entender que o chamado divino,
independe de circunstâncias momentâneas. Ele era rei e ponto final, ainda que alguns duvidassem (1 Sm 11.2-13).
3) O perigo de voltarmos aos bois
“E eis que Saul vinha do campo, atrás dos bois; e disse Saul: Que tem o povo, que chora? E contaram-lhe as palavras dos homens de Jabes”.(1 Sm 11.5). O que se espera de um rei é que assuma realmente o trono, treine o exército, e defenda o povo de ataques inimigos. Porém Saul voltou à velha rotina de cuidar de bois, enquanto os amonitas
atacavam seu povo, ameaçando-os deixá-los cegos. Foi debaixo da ameaça de uma catastrófica calamidade que Saul revoltou-se e finalmente assumiu o reino que de direito já era seu, mas de fato ainda não
era, pois o rei ao invés de estar no palácio, estava no campo atrás do gado. Cuidado com os bois que te impedem de assumir o que Deus tem para ti. Mate os bois e assuma seu chamado.